"Namoro
há dois anos um rapaz e vamos nos casar no próximo ano. A questão é: Não o amo.
Amo, de fato, outro homem que conheci recentemente e ele tem uma forte
esperança de que um dia possamos ficar juntos. Não sei o que fazer, pois, toda
vez que tento terminar com o atual e assumir a nova relação, sou ameaçada. Meu
namorado diz que vai me matar e se matar. Não quer nem ouvir falar que eu amo
outro. Diz que sou sua. Já comprou nossa casa, que está pronta para que
possamos mudar em março. O que eu faço com esse amor que me enlouquece?".
Histórias
como a da Maria são mais comuns do que você leitor pode imaginar. Recebo
e-mails de homens e mulheres em situações parecidas. Estão prestes a se casar
ou estão casados e, de repente, um dos dois percebe que ama outro. Um ex, um
novo amor que chega, um colega, um amigo que se tornou mais que um amigo, algo
ou alguma coisa muda na relação, que deixa de ser importante.
Em alguns
casos, essas relações já vêm doentes desde o início. São relações que
começaram, terminaram, retomaram inúmeras vezes por motivos variados. A tônica
parece mesmo o thriller do romper e reatar. Aquela sensação de "O que vai
ser essa semana? Vamos ficar juntos ou não?". São casais que têm as malas
prontas para, por qualquer motivo, abandonar o barco. E, então, quando chega
outro, bem, fica tudo mais provocante.
A
reflexão hoje é: por que insistir em uma relação com tantas idas e vindas? Por
que insistir em uma relação que já começa torta? Por que seguir até ao altar e
dizer SIM? Será que isso não é doença?
Pensem
comigo, amor não pode ser.
Você
conhece casais assim? Pois é, existem. E, então, fica o convite: Por que não
parar de discutir a relação e começar a discutir os problemas da relação? Em
muitos casos, só essa mudança de visão já seria um bálsamo, e, então, o que
começou torto pode ser que se endireite...
Negociar
o problema, o que incomoda, o como nós sentimos com essa ou aquela atitude é
diferente de negociar o fim da relação, é mais maduro, é mais adulto. Sair
batendo a porta, os pés, o que for, é quase infantil e não ajuda. Até porque,
quando isso acontece, o outro apaga os problemas e foca somente na retomada da
relação, doente ou não.
E é
verdade, machuca demais. Aumenta a dependência.
Imagine
você viver na iminência de um rompimento! Ter de andar sobre ovos para não
incomodar o outro, e se este, de repente, decidir ir para sempre?
Isso não
é vida!
Quem ama
quer ver o outro feliz. Quem ama respeita os limites do outro, está com o
outro, não tem a posse deste — e isso também é diferente.
Quem ama
cuida. Dá espaço. Cresce com o outro, confronta, posiciona-se, ama e se deixa
amar. Então, se é assim, será que o que essa leitora vive tem chance de dar
certo?
Infelizmente,
temo que não. Uma relação com base no medo, no egoísmo, na manipulação, não
pode ir longe, a não ser que ambos decidam parar tudo e rever. Nesse caso, não
há muito a fazer, até porque ela não o ama, e, se não há amor, como ficar? Pode
até ser que ela esteja iludida com o outro, mas isso só mesmo em um ambiente de
terapia ela poderá compreender. Fato é que algo precisa ser feito. Ela precisa
tomar a vida nas próprias mãos, nem que seja para pedir ajuda. Se continuar
como refém de um e outro, ela não será feliz e, pior, se tornará uma eterna
vítima à mercê do outro...
Se com
todo o amor do mundo, respeito, compromisso, dedicação, renúncia e tudo o mais
que uma relação a dois pede, como presença, atenção, compaixão etc. E, mesmo
assim, enfrenta crises, altos e baixos, o que podemos esperar de uma relação
que começa às avessas?
Bem, fica
aqui o convite para a leitora. Busque ajuda especializada. Inicie um processo
de terapia. Tente entender o que está buscando e qual é o prazer em ser a
vítima, estar entre dois homens que a desejam...
Qual é a
crença? Qual é a ilusão? Qual é o prazer negativo?
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