terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Notificação à Promotora de Justiça da comarca de Tupaciguara


Só por garantia, estou disponibilizando este documento para que se torne público e possa servir como prova no futuro, se algo de errado acontecer. Ele foi entregue à promotora de justiça da cidade de Tupaciguara hoje, às 17:27 hs, horário local.

Eu, Rodrigo Freitas Bispo de Souza, cidadão brasileiro, solteiro, natural de Feira de Santana – BA, domiciliado na Rua Camilo Abdulmassih nº 294 A, centro, nesta, portador da cédula de identidade nº. MG13540020 e do CPF. Nº 06629510690, venho através desta relatar um fato ocorrido no domingo ultimo, dia 09.01.2011, e pedir orientação e proteção ao Ministério Público.
            Aos 26 de setembro do ano de 2009 eu publiquei uma matéria no jornal municipal (O Independente) denunciando o comportamento execrável de alguns oficiais integrantes da Policia Militar de Tupaciguara. Nesta matéria, que segue anexada a esta notificação, citei o apelido de um desses oficiais, a saber, cowboy. Na verdade um dos mais problemáticos deles: o senhor Eder Dias, do qual não tenho nenhum tipo de conhecimento pessoal e sei a seu respeito pouco mais do que o nome estampado em sua farda: Dias.
É do conhecimento de grande parte da sociedade local que este senhor vem, desde sempre, causando certo rebuliço na cidade com seu comportamento arrogante e sua exacerbada indiscrição e demonstração inapropriada do poder outorgado a ele pelo Estado. Quando da publicação da matéria, muitas pessoas me avisaram para que ficasse atento, pois esse sujeito tinha, já na época, grande fama de homem vingativo e “perigoso”. Pois bem, o tempo passou e nada ocorreu em retaliação ao tal texto. Nada até o já citado domingo, 09.01.2011, quando por volta das 13:00 horas dirigi-me até uma fábrica no distrito industrial a fim de fazer um serviço de ultima hora que surgira numa das empresas lá instaladas. Em certo momento, quando houve uma pausa nos trabalhos, um amigo meu e eu fomos dar uma volta para ver como estavam as obras públicas em andamento no local. Este meu amigo, chamado Gustavo Ferreira Cardoso, brasileiro, solteiro, residente à Rua Rodrigo do Vale nº 370, Tiradentes, nesta, portador da RG nº MG14344658 e do CPF nº 08985133675, é uma pessoa idônea e conhecida na cidade e pode testemunhar a qualquer momento confirmando tudo o que se passou naquela tarde.
Enquanto nos encontrávamos sentados embaixo de uma árvore conversando descontraidamente fomos abordados pelo policial contra o qual ousei rebelar-me anteriormente. Veja bem: estávamos os dois de chinelos havaianos, bermuda e camiseta, nada mais. O cidadão  - à paisana, diga-se de passagem - parou seu automóvel de maneira que evitasse nossa provável fuga. Desceu do carro deixando sua companheira no interior deste, e nisto sacou de uma arma que estivera até então guardada na parte interna da porta do automóvel. Colocou o revólver na cintura e educadamente com tom pedante perguntou se eu era o tal "levante e grite que escreveu no jornal, o famoso Rodrigo Bispo.", ao que se seguiu uma resposta afirmativa. A isso o homem respondeu dizendo-me impropérios do tipo: "eu sei onde você mora, cara. Você é louco, tem que pensar melhor antes de mexer com as pessoas. Tem muita gente louca por ai que pode estragar a sua vida e a delas". Ou "se eu tivesse te pegado na época que você escreveu aquilo tinha te quebrado".  E "eu ainda vou te pegar, cara. Quem sabe não plante uma droga no seu bolso e te leve preso?" “processo é papel, e papel eu rasgo!”.
Eu, atônito com as infames afirmações do tal policial, me resumi unicamente a responder com movimentos de cabeça e frases como: “cara, você entendeu errado, eu não quis te prejudicar, aquilo foi só uma reclamação de um cidadão insatisfeito com o serviço que os policiais vinham desenvolvendo na cidade. Não é nada pessoal. Você é uma autoridade instituída pelo Estado para cuidar de minha segurança e eu te respeito como tal.”. Entretanto, seguiram-se ainda mais ou menos 15 minutos, talvez 20, de ameaças e promessas soturnas da parte do policial. Deixando claro no fim de toda a discussão que sua intenção era me amedrontar por ter aberto a boca a seu respeito no passado e garantir que eu não voltasse a fazê-lo no futuro. E foi muito educado todo o tempo. Eu diria mesmo insolente.
             Meu amigo exibia um sorriso amarelo diante da situação. Eu o imitava e disfarçada o nervosismo sentido por estar no meio do nada com uma pessoa que declarou abertamente não gostar de mim e exibia sua linda arma gigante na  cintura.
            Ora, como todo susto que se leva, alguns segundos depois que o homem partira nós começamos a rir do acontecido devido sua peculiar absurdez. Mas algum tempo depois resolvi fazer algo a respeito. Afinal de contas, o sujeito praticamente me contou como iria colocar-me na cadeia. Resolvi então dirigir-me ao batalhão de polícia municipal quando chegasse em casa, o que aconteceu por volta das 22:00 horas. Jantei com minha mãe e, de fato, fui ate o batalhão. Chegando lá contei minha versão dos fatos e disse que queria registrar uma ocorrência por ameaça. E qual não foi minha surpresa quando um dos policiais presentes levantou-se de onde estivera sentado e esbravejou ignorantemente: "cara, foi você quem escreveu aquela merda lá no jornal né? Eu não to te ameaçando não, mas você falou mal da polícia, ninguém aqui gosta de você!". Logo após, o policial que me atendia diretamente disse-me que a polícia é como uma colméia de abelhas: se você mexer com uma, vai mexer com todas. Disse também que é claro que eu poderia proceder  ao registro da ocorrência, entretanto "isso só deixaria o cara mais nervoso comigo...e o problema iria para o fórum, o que poderia acirrar ainda mais a inimizade que seu colega de carreira sentia por mim...mas tudo seria conforme eu quisesse", e ainda enfatizou a ameaça velada com a tenebrosa frase: "ninguém morre devendo para a polícia".
 Sai de lá estourando de raiva. Não podia acreditar em tudo que acabara de acontecer comigo dentro dessa mínima terra da mãe de deus. No final de tudo, isso nem é uma denúncia. Resume-se a um simples exemplo de quem são e como agem os policiais brasileiros.
Diante do exposto acima, venho requisitar o auxílio do Ministério Público no caso, pois fui coagido por um policial de índole explosiva e imprevisível que me assegurou de que algum dia iria me pegar “fazendo algo errado, e aí então eu não teria mais sossego nem para dormir”, com suas próprias palavras. Visto que não posso contar com a proteção dos outros policiais, que ao que tudo indica, também nutrem uma certa antipatia por minha pessoa, moro sozinho e volto tarde das aulas que freqüento durante toda a semana e ao sábados, além de ter ouvido do senhor Eder que ele sabe onde eu moro e as horas em que estou ou não em casa, venho requerer alguma posição de vosso gabinete, ou de quem for competente para tal, que possa assegurar minha proteção e integridade física assim como daqueles que me são próximos. Além de frisar que como morador de Tupaciguara há mais de 13 anos nunca me encontrei envolvido com nenhum tipo de atividade ilegal, imoral ou que ofenda os costumes locais. Portanto, se após a ameaça impingida a mim pelo policial eu, de repente, venha a ser “pego” com algum tipo de entorpecente ou qualquer outra substancia ou objeto ilegal, uma séria investigação deva ser feita para demonstrar se a acusação procede ou não passa de um “implante” mal intencionado com fim único de me tirar de circulação por pura e simples implicância das autoridades locais.
Quero deixar claro também, que não assumo e nem pretendo assumir jamais qualquer posição contrária à da Polícia Militar de Tupaciguara ou da legislação em geral. E que não tenho nada contra nenhum de seus integrantes. Aquilo que fiz no passado nada mais foi senão o protesto de um cidadão, funcionário público, sensibilizado pelo momento difícil atravessado pela sociedade tupaciguarense. Entendo que com a participação da comunidade o trabalho dos policiais pode ser facilitado e até mesmo elevado a uma maior abrangência dos problemas sociais que estes devem procurar sanar. Pelo contrário, ofereço-me de livre e espontânea vontade para ajudar em qualquer situação que possa vir a ser útil para os policiais todos eles. A única coisa que desejo é ser protegido daqueles que, fazendo uso do poderio Estatal, possam vir a me prejudicar, de qualquer maneira, indevida ou discricionariamente, sejam eles quem forem. Infelizmente, dessa vez, foi um policial.
Certo de sua compreensão, aproveito a oportunidade para renovar meus protestos de estima por sua pessoa e confiança em sua competência.
O referido é verdade e dou fé.

*B I S P O*

2 comentários:

  1. Pelo visto comentei no post anterior com certo atraso. Só posso elogiar sua atitude. E torcer pra que a coisa não fique preta pro seu lado... =x
    hahaha se precisar de refúgio... xD

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