sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Sombra diz que quer encontrar Arruda 'cara a cara'

Edson dos Santos, o Sombra, disse que não vai pedir proteção à PF.
'Quero que ele desminta na cara', disse Sombra nesta sexta-feira.

Nathalia Passarinho Do G1, em Brasília

O jornalista Edmilson Edson dos Santos, conhecido como Sombra, disse nesta sexta-feira (5) ao G1 que gostaria de ficar cara a cara com o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM). Sombra foi alvo nesta quinta (4) de uma tentativa de suborno por parte de Antonio Bento da Silva, suposto emissário de Arruda. O jornalista gravou as tentativas de negociação e denunciou o plano à Polícia Federal, que flagrou a entrega do dinheiro e prendeu Bento
Sombra é uma das principais peças do quebra-cabeça da Operação Caixa de Pandora, que desmantelou o esquema de corrupção no Distrito Federal em novembro de 2009. Teria sido ele o responsável por convencer o ex-secretário de Relações Institucionais e pivô do escândalo, Durval Barbosa, a delatar o esquema à polícia.
O mensalão do DEM de Brasília envolve o suposto pagamento de propina ao governador José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM), ao vice-governador, Paulo Octávio (DEM), deputados distritais, empresários e integrantes do governo.
Sombra chamou de "mentirosas" as explicações de Arruda sobre a suposta tentativa de subornar o jornalista. Por meio de notas, o governador disse que Sombra é aliado de Durval Barbosa e o suposto suborno foi uma "armação" contra ele.

“Eu quero vê-lo [Arruda] frente a frente, cara a cara. Quero ver, quero que ele desminta na cara as conversas todas do Bento e do Wellington, que em momentos separados falam a mesma coisa”, disse Sombra. Wellington Moraes, secretário de Comunicação do DF, seria um dos interlocutores das negociações de suborno. Segundo depoimento de Sombra à Polícia Federal, a mando do governador, Wellington foi substituído por Antonio Bentio como o intermediário.


“É bom que Arruda faça várias notinhas dessas para que a cada uma, ele se enrole mais e mais das pernas”, disse. “É uma vergonha, uma mentira atrás da outra. Esse sujeito tem que ser preso”, disse.

'Sem medo'

Apesar de ser considerado uma das peças-chave do escândalo de corrupção que envolve o governador, Sombra disse não ter medo de morrer. “Seu eu tivesse não faria a denúncia,” disse. Ele afirmou que não pretende pedir à polícia o serviço de proteção à testemunha, como fez Durval Barbosa.
O jornalista reafirmou que Antonio Bento da Silva é amigo há “mais de 20 anos” de Arruda e foi enviado pelo governador para intermediar o suborno. Segundo ele, pela proposta final, receberia R$ 1 milhão, mais verba publicitária para o jornal do qual é dono e uma conta garantida no Banco de Brasília. Em troca, deveria assinar um documento dizendo serem falsos os vídeos divulgados por Durval Barbosa.
Sombra mostrou cópia do bilhete entregue a ele pelo deputado Geraldo Naves (DEM), que teria sido escrito por Arruda. Naves, segundo o jornalista, foi indicado pelo governador para ser o primeiro intermediário do suborno. Ainda de acordo com Sombra, no bilhete, Arruda pede ajuda e diz que o parlamentar está autorizado a fazer a intermediação. Posteriomente, o papel de interlocutor passou para Wellington Moraes e, em seguida, para Antonio Bento, segundo depoimento de Sombra. Naves confirmou que o bilhete foi escrito pelo governador, mas negou que se tratava de suborno. Sombra classificou a explicação do deputado de "mentira cabeluda". ‘

Armação

Na entrevista, o jornalista afirmou ainda ter “previsto” que a tentativa de suborno seria uma armação do governador do DF contra ele para “desacreditar” as denúncias de Barbosa. “Conhecendo Arruda como eu conheço, sabia que era uma tentativa de armação contra mim”, afirmou. Para se resguardar, fez gravações nas últimas etapas da negociação. Um pequeno relógio contendo uma câmera era utilizado para filmar os encontros com Antonio Bento, que normalmente aconteciam na própria residência de Sombra.

O jornalista depôs pela primeira vez sobre a tentativa de suborno no dia 21 de janeiro. Sombra comunicou o encontro desta quinta-feira à Polícia Federal. No entanto, segundo ele, a PF não informou que haveria flagrante e prisão. “Tomei um susto. Fiquei estático e ele [Antonio Bento], estático. Bento ainda vai saindo, ele me deixou só, mas a polícia gritou ‘parado! você está preso’. Foi aí que vi que era a [Polícia] Federal. Quando cheguei na superintendência é que me tranquilizei”, disse.

Sombra mostrou no celular registro de uma ligação de Wellington Moraes às 22h32 de quinta-feira, algumas horas depois do flagrante de suborno. Ele disse não ter atendido a ligação. Na entrevista, o jornalista afirmou ter mais provas contra Arruda, que só poderiam ser divulgadas no futuro para não “atrapalhar o andamento das investigações da PF”. “Se ele não cair agora, cai depois”, afirmou.

*BISHOP*

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